Sumário da Pré-Conferência Livre do Fórum

PRÉ-CONFERÊNCIA

7/2/2025

📣 O que a classe trabalhadora revelou — e propôs — sobre saúde, trabalho e dignidade?
Conheça o sumário da Pré-Conferência Livre Regional – DF e Região, uma síntese potente de vozes, denúncias e caminhos construídos coletivamente para transformar a realidade nos territórios e inspirar a 5ª CNSTT.

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📄 Sumário da Pré-Conferência Livre Regional – DF e Região (2025)

✍️ Introdução

  1. O presente documento organiza as proposições da Pré-Conferência Livre Regional – DF e Região do Fórum Sindical Saúde, Trabalho e Direitos Humanos em quatro blocos temáticos, definidos a partir da sistematização das falas, palavras-chave e experiências compartilhadas pelas(os) participantes.

  2. Cada bloco expressa dimensões estruturantes da realidade laboral e territorial, articulando denúncias, vivências e propostas em torno de sofrimentos coletivos, resistências organizadas e projetos de transformação. Esses blocos orientam o enfrentamento político da classe trabalhadora e a formulação de propostas para a 5ª CNSTT – Conferência Nacional de Saúde das Trabalhadoras e dos Trabalhadores.

🔹 Bloco 1: Condições de Trabalho e Adoecimento

  1. A violência no trabalho foi tratada como fenômeno estrutural – um contágio institucional-patronal sustentado por relações de poder coercitivas, fundamentadas na opressão e exploração. Envolve jornadas exaustivas, ambientes hostis e metas inalcançáveis.

  2. Foram defendidos:

  • O combate às metas abusivas

  • A criação de cartografias do trabalho

  • A garantia de estrutura mínima nos locais de descanso e alimentação

  • O fortalecimento das CIPAs, com autonomia e recursos

  • A implementação efetiva das Normas Regulamentadoras, com participação dos trabalhadores e fiscalização sindical e comunitária

  1. A saúde do trabalhador extrapola o espaço laboral e atinge dimensões familiares, sociais e afetivas. Promovê-la é defender também o direito ao tempo livre, descanso e dignidade.

  2. O sofrimento psíquico foi compreendido como fenômeno coletivo e estrutural, ligado à precarização, isolamento e violência institucional. O conceito de sofrimento ético foi enfatizado, relacionado ao rompimento interno gerado por ambientes que forçam o trabalhador a contrariar seus princípios humanos.

  3. Destacou-se a subnotificação do adoecimento laboral como forma de apagamento e negação da dor, ressaltando a urgência de formação em escuta qualificada e reinvenção das práticas de cuidado.

  4. A deputada Érika Kokay denunciou esse cenário como forma de assédio organizacional/institucional difuso, destacando:

  • O estigma que silencia o sofrimento psíquico

  • A negligência institucional

  • A recusa em reconhecer o nexo entre trabalho e adoecimento.

  1. Erika Kokay alertou para o assédio institucional praticado pelo próprio Estado no último governo, disfarçado de empreendedorismo e que promove o roubo do tempo subjetivo. Introduziu o conceito de assédio de segunda ordem, que pune quem denuncia ou apoia vítimas.

“Queremos vida no trabalho e vida além do trabalho.”

🔹 Bloco 2: Direitos, Diversidade e Justiça Social

  1. Abordaram-se temas como:

  • A sobrecarga das mulheres, divididas entre trabalho produtivo, doméstico e de cuidado

  • O masking em adultos autistas, camuflagem diante de ambientes excludentes

  • A cultura da competitividade como fator de isolamento e hostilidade.

  1. Propuseram-se:

  • Campanhas anticapacitistas e formativas

  • Políticas públicas de valorização da diversidade

  • Reconhecimento e visibilidade às categorias historicamente precarizadas

  • Uma abordagem comunitária e integradora, que combata o abandono institucional e promova reconhecimento social

🔹 Bloco 3: Participação Popular e Ação Sindical

  1. Defendeu-se a criação de:

  • Comitês locais de vigilância popular em saúde do trabalhador, articulados aos territórios e aos CERESTs

  • Fortalecimento dos Conselhos de Saúde e das Comissões Intersetoriais

  • Formação de lideranças populares com base nos saberes culturais dos territórios.

  1. Apontou-se a baixa participação sindical, motivada por:

  • Medo

  • Sobrecarga cotidiana

  • Descrédito institucional

Reforçou-se a necessidade de reconexão com a base, valorizando os sindicatos como espaços de escuta e acolhimento, e articulando movimentos populares para superar a fragmentação das lutas.

  1. O Fórum reafirmou a criação de um Observatório, com o instrumento da Enquete Engajada, inspirado na Enquete Operária de Marx. O observatório visa:

  • Sistematizar o saber vivido

  • Produzir devolutivas públicas e ação territorializada

  • Ser elo entre formação e mobilização política

  • Conectar trabalhadores, sindicatos e comunidades em torno da saúde no trabalho.

  1. Propôs-se a criação de políticas permanentes contra a violência no trabalho, com:

  • Campanhas educativas

  • Protocolos de proteção

  • Formação crítica desde a base escolar

  • Incentivo à escuta ativa e à cultura colaborativa

🔹 Bloco 4: Políticas Públicas e Governança do SUS

  1. As propostas reafirmaram o legado da Reforma Sanitária e defenderam:

  • A criação de uma Política Distrital de Saúde do Trabalhador

  • Uma abordagem baseada em escuta territorializada

  • A reafirmação dos princípios do SUS: universalidade, integralidade e equidade.

  1. Propôs-se:

  • Reorganizar os sistemas de informação e vigilância

  • Utilizar dados epidemiológicos para formulação de políticas

  • Incluir notificações populares como forma de validar o saber dos trabalhadores

  • Reposicionar o SUS como instrumento transformador da saúde laboral

  1. Henrique Torres, assessor do deputado Gabriel Magno, reforçou:

  • A necessidade de romper com a invisibilidade institucionalizada

  • A responsabilização do Estado e dos empregadores

  • A articulação entre justiça do trabalho, controle social e direitos sociais como base para um projeto democrático de cuidado

🧩 Conclusão

  1. As falas destacaram a importância de:

  • Ações intersetoriais

  • Formação permanente

  • Práticas pedagógicas comprometidas com o fortalecimento do SUS e o cuidado com os trabalhadores

Defendeu-se o aprimoramento da formação nos CERESTs, com escuta crítica e participação popular, e a transformação da cultura institucional nas relações de trabalho. A Enquete Engajada foi reconhecida como instrumento essencial desse processo.

  1. Essas propostas refletem a escuta qualificada conduzida pelo Fórum e serão encaminhadas pelos representantes eleitos na plenária:

  • Jorge Henrique de Sousa e Silva Filho (Sindicato dos Enfermeiros)

  • Lura Machado (MST)

Representando legitimamente as lutas, denúncias e caminhos coletivamente construídos.

👥 Coordenação Executiva do Fórum

  • Alberto E. S. P. Okada

  • Amadeu Alvarenga

  • Cláudia d’Arede

  • Conceição de Maria Costa

  • Gizele Pozzetti

  • Jorge Mesquita H. Machado

  • Jorge Henrique S. S. Filho

  • Letícia Silva Alves

  • Lura Machado

  • Maíra Valério

  • Rafael Bastos

  • Thiago Sebastiano de Melo

  • Vanessa Sobreira

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