Sumário da Pré-Conferência Livre do Fórum
PRÉ-CONFERÊNCIA


📣 O que a classe trabalhadora revelou — e propôs — sobre saúde, trabalho e dignidade?
Conheça o sumário da Pré-Conferência Livre Regional – DF e Região, uma síntese potente de vozes, denúncias e caminhos construídos coletivamente para transformar a realidade nos territórios e inspirar a 5ª CNSTT.
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📄 Sumário da Pré-Conferência Livre Regional – DF e Região (2025)
✍️ Introdução
O presente documento organiza as proposições da Pré-Conferência Livre Regional – DF e Região do Fórum Sindical Saúde, Trabalho e Direitos Humanos em quatro blocos temáticos, definidos a partir da sistematização das falas, palavras-chave e experiências compartilhadas pelas(os) participantes.
Cada bloco expressa dimensões estruturantes da realidade laboral e territorial, articulando denúncias, vivências e propostas em torno de sofrimentos coletivos, resistências organizadas e projetos de transformação. Esses blocos orientam o enfrentamento político da classe trabalhadora e a formulação de propostas para a 5ª CNSTT – Conferência Nacional de Saúde das Trabalhadoras e dos Trabalhadores.
🔹 Bloco 1: Condições de Trabalho e Adoecimento
A violência no trabalho foi tratada como fenômeno estrutural – um contágio institucional-patronal sustentado por relações de poder coercitivas, fundamentadas na opressão e exploração. Envolve jornadas exaustivas, ambientes hostis e metas inalcançáveis.
Foram defendidos:
O combate às metas abusivas
A criação de cartografias do trabalho
A garantia de estrutura mínima nos locais de descanso e alimentação
O fortalecimento das CIPAs, com autonomia e recursos
A implementação efetiva das Normas Regulamentadoras, com participação dos trabalhadores e fiscalização sindical e comunitária
A saúde do trabalhador extrapola o espaço laboral e atinge dimensões familiares, sociais e afetivas. Promovê-la é defender também o direito ao tempo livre, descanso e dignidade.
O sofrimento psíquico foi compreendido como fenômeno coletivo e estrutural, ligado à precarização, isolamento e violência institucional. O conceito de sofrimento ético foi enfatizado, relacionado ao rompimento interno gerado por ambientes que forçam o trabalhador a contrariar seus princípios humanos.
Destacou-se a subnotificação do adoecimento laboral como forma de apagamento e negação da dor, ressaltando a urgência de formação em escuta qualificada e reinvenção das práticas de cuidado.
A deputada Érika Kokay denunciou esse cenário como forma de assédio organizacional/institucional difuso, destacando:
O estigma que silencia o sofrimento psíquico
A negligência institucional
A recusa em reconhecer o nexo entre trabalho e adoecimento.
Erika Kokay alertou para o assédio institucional praticado pelo próprio Estado no último governo, disfarçado de empreendedorismo e que promove o roubo do tempo subjetivo. Introduziu o conceito de assédio de segunda ordem, que pune quem denuncia ou apoia vítimas.
“Queremos vida no trabalho e vida além do trabalho.”
🔹 Bloco 2: Direitos, Diversidade e Justiça Social
Abordaram-se temas como:
A sobrecarga das mulheres, divididas entre trabalho produtivo, doméstico e de cuidado
O masking em adultos autistas, camuflagem diante de ambientes excludentes
A cultura da competitividade como fator de isolamento e hostilidade.
Propuseram-se:
Campanhas anticapacitistas e formativas
Políticas públicas de valorização da diversidade
Reconhecimento e visibilidade às categorias historicamente precarizadas
Uma abordagem comunitária e integradora, que combata o abandono institucional e promova reconhecimento social
🔹 Bloco 3: Participação Popular e Ação Sindical
Defendeu-se a criação de:
Comitês locais de vigilância popular em saúde do trabalhador, articulados aos territórios e aos CERESTs
Fortalecimento dos Conselhos de Saúde e das Comissões Intersetoriais
Formação de lideranças populares com base nos saberes culturais dos territórios.
Apontou-se a baixa participação sindical, motivada por:
Medo
Sobrecarga cotidiana
Descrédito institucional
Reforçou-se a necessidade de reconexão com a base, valorizando os sindicatos como espaços de escuta e acolhimento, e articulando movimentos populares para superar a fragmentação das lutas.
O Fórum reafirmou a criação de um Observatório, com o instrumento da Enquete Engajada, inspirado na Enquete Operária de Marx. O observatório visa:
Sistematizar o saber vivido
Produzir devolutivas públicas e ação territorializada
Ser elo entre formação e mobilização política
Conectar trabalhadores, sindicatos e comunidades em torno da saúde no trabalho.
Propôs-se a criação de políticas permanentes contra a violência no trabalho, com:
Campanhas educativas
Protocolos de proteção
Formação crítica desde a base escolar
Incentivo à escuta ativa e à cultura colaborativa
🔹 Bloco 4: Políticas Públicas e Governança do SUS
As propostas reafirmaram o legado da Reforma Sanitária e defenderam:
A criação de uma Política Distrital de Saúde do Trabalhador
Uma abordagem baseada em escuta territorializada
A reafirmação dos princípios do SUS: universalidade, integralidade e equidade.
Propôs-se:
Reorganizar os sistemas de informação e vigilância
Utilizar dados epidemiológicos para formulação de políticas
Incluir notificações populares como forma de validar o saber dos trabalhadores
Reposicionar o SUS como instrumento transformador da saúde laboral
Henrique Torres, assessor do deputado Gabriel Magno, reforçou:
A necessidade de romper com a invisibilidade institucionalizada
A responsabilização do Estado e dos empregadores
A articulação entre justiça do trabalho, controle social e direitos sociais como base para um projeto democrático de cuidado
🧩 Conclusão
As falas destacaram a importância de:
Ações intersetoriais
Formação permanente
Práticas pedagógicas comprometidas com o fortalecimento do SUS e o cuidado com os trabalhadores
Defendeu-se o aprimoramento da formação nos CERESTs, com escuta crítica e participação popular, e a transformação da cultura institucional nas relações de trabalho. A Enquete Engajada foi reconhecida como instrumento essencial desse processo.
Essas propostas refletem a escuta qualificada conduzida pelo Fórum e serão encaminhadas pelos representantes eleitos na plenária:
Jorge Henrique de Sousa e Silva Filho (Sindicato dos Enfermeiros)
Lura Machado (MST)
Representando legitimamente as lutas, denúncias e caminhos coletivamente construídos.
👥 Coordenação Executiva do Fórum
Alberto E. S. P. Okada
Amadeu Alvarenga
Cláudia d’Arede
Conceição de Maria Costa
Gizele Pozzetti
Jorge Mesquita H. Machado
Jorge Henrique S. S. Filho
Letícia Silva Alves
Lura Machado
Maíra Valério
Rafael Bastos
Thiago Sebastiano de Melo
Vanessa Sobreira
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